Fundo "Nobreza Campista"

A sociedade do açúcar em Campos dos Goytacazes, durante o Império, era centralizada no poder de sua elite agrária, formada por senhores de engenho, barões, viscondes e outros, que utilizavam a proeminência econômica para moldar os cenários cultural, político e social da região. Essa elite empreendeu o que foi chamado de "surto civilizador", assimilando hábitos fidalguia importados, principalmente do Rio de Janeiro, e culminando em grandes recepções sociais. O reconhecimento imperial desse poder materializou-se na alta concentração de títulos de nobreza na cidade, resultando na formação da chamada "Nobreza Campista", cujos membros estavam majoritariamente ligados ao setor açucareiro. A ascensão dessa nobreza promoveu uma significativa mudança de hábitos e investimentos na construção de solares, consumo de luxo e educação dos filhos, o que, por sua vez, impulsionou o desenvolvimento arquitetônico, urbano e estrutural de Campos. Do ponto de vista da pesquisa histórica, o estudo dessa elite remete a seu acervo documental, principalmente inventários e testamentos. Tais documentos são fontes primárias valiosas, pois detalham a acumulação e transmissão de capital, descrevendo propriedades, maquinário, dívidas, a organização familiar e, fundamentalmente, a escravidão, ao listar e avaliar, muitas vezes nominalmente, as pessoas escravizadas, fornecendo dados sobre sexo, idade, ofício e valor. Assim, o acervo da "Nobreza Campista" é essencial para reconstruir a estrutura econômica e social do período em Campos dos Goytacazes.
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