O edifício que atualmente abriga o Arquivo Público Municipal Waldir Pinto de Carvalho, em Campos dos Goytacazes, é conhecido como Solar do Colégio, em referência à sua origem como sede da Fazenda de Nossa Senhora da Conceição e Santo Inácio, pertencente ao Colégio Jesuíta do Rio de Janeiro. Construído entre 1690 e 1692 por padres da Companhia de Jesus, o complexo do Solar incorporou engenho de açúcar, casa de saúde e igreja. Inicialmente voltada à criação de gado, a fazenda passou, no século XVIII, à produção intensiva de cana-de-açúcar, tornando-se um dos engenhos mais produtivos da região.

Em 1781, após a expulsão dos Jesuítas, a propriedade foi arrematada em hasta pública por Joaquim Vicente dos Reis, considerado, segundo Manoel Martins do Couto Reis, o “mais rico e poderoso vassalo de Portugal no Brasil”. Quando do ato da compra, a fazenda possuía enorme extensão de terras e milhares de escravizados. Joaquim Vicente viveu ali até 1813 com sua mulher e filhas, e após seu falecimento a passou ao genro Sebastião Gomes Barroso. O Solar permaneceu como residência dos Barroso até sua desapropriação pelo Estado do Rio de Janeiro, em 1977.

Ao longo de sua história, o Solar recebeu visitantes ilustres e sediou eventos sociais de relevância cultural, como festividades em homenagem a Santo Inácio de Loyola e visitas de D. Pedro II, acompanhado da Imperatriz e do Conde D’Eu, em 1875; e no século XX de Pedro Calmon, Amaral Peixoto, Gabriel Garcia Marques e outros. 

Tombado pelo IPHAN em 1946 e restaurado entre 1990 e 1994, o imóvel abriga desde 2001 o Arquivo Público Municipal, consolidando-se como exemplo de ocupação bem-sucedida de patrimônio histórico por um órgão público e referência arquitetônica, cultural e histórica da cidade de Campos.